Direto da Redação

Hoje em dia acompanhar uma guerra, por mais violenta que seja, passou a ser uma tarefa fácil. A televisão, o rádio e a internet aproximaram o front do cidadão comum. Mas, há menos de cem atrás não era tão fácil assim.

Os dois maiores conflitos da humanidade não tiveram toda a tecnologia da Tv, e muito menos da Internet, para contar a história. Quando a Primeira Guerra “estourou” a única mídia disponível era a mídia impressa, e coube aos jornais e revistas daquela época cobrir da forma que podia o desenrolar das batalhas.

Aqui faremos uma breve apresentação da imprensa, embrionária e pouco profissional, que narrou a história da Primeira Grande Guerra à Segunda Guerra Mundial.

Fique à vontade e Boa leitura.

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quinta-feira, 27 de maio de 2010

A Imprensa brasileira

As informações abaixo foram passadas pelo jornal Folha da Manhã (atual Folha de São Paulo). Nesses textos é possível perceber de que maneira a imprensa brasileira trabalhava no que diz respeito aos assuntos relacionados à guerra, onde, de um modo geral, ela (imprensa) “contava uma história”. No caso da Folha da Manhã, ela retratara o conflito de uma forma suave, mas reforça a tese de que os jornalistas brasileiros, em sua maioria, estavam distantes do conflito.



Nova York, 4,1942 - Uma quinta-coluna e rede de espionagem pacientemente organizada durante muitos anos, preparou o caminho para o golpe de surpresa desfechado pelos japoneses em Pearl Harbour.
A história completa da quinta-coluna, que o ministro da Marinha, coronel Franck Knox, declarou ser a mais efetiva que a da Noruega, provavelmente não po
derá ser contada, até a terminação dos inquéritos oficiais abertos pelas autoridades competentes.
"Durante minha recente visita a Honolulú, disse o sr. Knox, consegui apurar:
1º - Que, segundo noticias divulgadas entre os plantadores de cana de açucar das ilhas, foram colocadas, poucas horas antes do ataque japones, grandes setas indicando os objetivos militares norte-americanos.
2º - Que um japonês, preso por usar um transmissor de ondas curtas, durante o ataque a Pearl Harbour, era um negociante que durante 20 anos fora um frequente visitante do quartel de Schofield, posto militar do exército norte-americano.
3º - Que os quitandeiros japoneses, quando entregavam as verduras aos comissários a bordo dos navios de guerra, procuravam habilmente conhecer os movimentos das unidades da esquadra norte-americana.
4º - Que anúncios aparentemente inocentes publicados nos jornais continham informações interpretadas por meio de um código, dirigidas aos elementos da quinta-coluna".
As acusações, entretanto, não são extensivas a todos os nipônicos residentes em Honolulú. Em conjunto, eles são trabalhadores e bem comportados e dependem de seus próprios labores. Muitos deles, porem, pertenciam à quinta-coluna e eram bem sucedidos em suas atividades. Os informes que forem apresentados aos norte-americanos agora, podem auxiliar a pôr a nação de sobreaviso, e outras potências livres do perigo.
A situação do ataque era a seguinte: "Nas primeiras horas da manhã do domingo, a patrulha da madrugada partiu para efetuar sua habitual inspeção e informou que nada de anormal observara na área sobre a qual voara. Pouco depois, durante um "alerta" de sabotagem, os aviões japoneses atacaram. As bombas cairam sobre os hangares cheios de aviões. Os hangares vazios foram ignorados.
Os japoneses sabiam muito bem quando deviam atacar e onde estavam os objetivos. Alguns dos aviadores japoneses abatidos tinham os anéis das escolas secundárias de Honolulú e do Estado de Oregon. Alguns dos nipônicos presos durante ou depois do ataque, eram figuras respeitáveis de Honolulú, que mereciam a confiança geral por um longo período de 20 anos ou mais.
A força e a importância da colônia japonesa nas ilhas Havai passaram até então despercebidas no continente americano.
Os japoneses constituem o maior grupo racial do arquipélago, elevando-se a 155 mil, na população que tem um total de 414 mil, sendo mais que o total dos indigenas e dos americanos.
Muitos dos japoneses residentes nas ilhas Havai são cidadãos americanos, com direito de voto. Os partidos políticos das ilhas não podem deixar de tomar em consideração, a importância desse grupo de eleitores. Parcialmente foi esse o motivo de os japoneses de nacionalidade americana infiltrarem-se no Departamento de Polícia, de que tiveram empregos de inspetores de estrada, sanitários e outros casos de maior importância.
Muitos foram trabalhar nos serviços postais e telefonicos, postos ideais para um espião. Outros encontram ocupação nas Companhias de Gás e Eletricidade, bem como em diversas empresas de serviços de utilidade pública, vitais para a defesa local e necessidades civis. Como cidadãos americanos eram admitidos na guarda territorial, cuja missão consiste em defender os principais pontos estratégicos, em caso de emergência.

Reduzida a fabricação de maquinas de escrever


Washington, 4 - O Departamento de Produção de Guerra determinou que as fábricas de máquinas de escrever, cuja produção atingiu a mais de um milhão de máquinas no ano passado, reduzam consideravelmente essa produção, de maneira a empregar o material na fabricação de peças para a artilharia.

A fabricação de pneumáticos


Washington, 4 - O presidente da "General Tire and Rubber Co.", "sir" William O'Neill, aconselhou o público americano a compreender a importância da conservação dos pneus, tanto quanto seja possível. "O que vale, felizmente, é que entramos na guerra com o pneus dos nossos carros de passageiros nas melhores condições da história. Fizemos um milhão de pneus nos dois últimos anos, tanto para equipamento original, como para substituições, e sou de opinião de que podemos conservar todos os carros americanos, rodando durante três anos, sem ser preciso fabricar outra nova remessa de pneumáticos. Certa quantidade de borracha deve ser tambem destinada como reserva para o revestimento, provavelmente, de cerca de 40 mil toneladas anuais do produto".


O personagem do Conflito e o domínio da imprensa


Ao falar em Grande Guerra, seja a Primeira ou Segunda Guerra Mundial, a figura mais intrigante para muitas pessoas é a de Adolf Hitler e sua forma de dominação. Ainda hoje a pergunta que surge gira em torno de, qual era sua “receita” para dominar a sociedade alemã da época?

Alguns filósofos apelam para o carisma – que é um termo banalizado nos dias atuais – a fim de explicar o por que da adoração que os bavaros tinham por seu líder. Aqueles que se denominam mais realistas pensam diferente. Eles” acreditam que propagar a doutrina nazista tornou-se facilitada pela ajuda dos meios de comunicação da época, ou melhor, pelo controle que Hitler tinha da imprensa falada, no caso o rádio – à época um veículo novo.

"Pouco a pouco, temos ainda que educar os ouvintes alemães para a tolerância, para a aceitação de outros modos de pensar. Enquanto este trabalho não for concluído, as comissões de vigilância são imprescindíveis.", dizia, em 1930, numa rádio alemã, o Ministro do Interior. Ou sejam, os meios de comunicação foram a alternativa que o ministro da propaganda da época, Josef Goebbels encontrou para propagar as filosofias de Hitler.

No entanto, quando a Segunda Guerra começou, os alemães foram proibidos de ouvir emissoras estrangeiras – e quem não respeitasse, podia ser morto. Portanto, o personagem do conflito usufruía de seu poder para controlar os meios de comunicação: e o Führer era cada vez mais idolatrado pelos alemães dotados de uma carência extrema de um lider. Haja vista que, em maio de 1945, a emissora noticiava: "Diretamente do quartel-general do führer, está chegando a mensagem de que nosso führer Adolf Hitler tombou pela Alemanha, lutando contra o bolchevismo até o último suspiro".

Imprensa: Artilharia Impotente

Como continuação do debate Imprensa x Guerra e Censura, decidimos falar um pouco como a imprensa se comportou diante da Segunda Guerra Mundial.

Esta impotência da imprensa diante da censura imposta pelos causadores da guerra, permaneceu ainda na Segunda Guerra Mundial, contrariando o desejo de muitos jornalistas em mostrar à sociedade a verdade de forma objetiva e sem cortes.

Perante à Inteligência Militar, imprensa da 2ª Guerra, mostra-se fraca e impotente ao exibir as tragédias deste violento episódio. Sob ângulos positivos, disfarçou as derrotas e forjou estratégias fracassadas.
Na Inglaterra os correspondentes “selecionados”, são sujeitos a severas conseqüências caso quebrassem os regulamentos por ela impostos, pela Inteligência Militar.

Já nos Estados Unidos, os jornalistas tinham acesso somente a informações previamente analisadas. O Departamento de Censura submetia jornais e emissoras de rádio ao Código de Prática de Tempo de Guerra.

Tantas censuras para quantas guerras citadas, podemos dizer que este tipo repreensão durou até ao que chamamos de guerras modernas:

- Guerra da Coréia (1950-1953), em que entrevistas realizadas com prisioneiros eram "revisadas" por censores. “

- Guerra da Argélia (1954-1962), em que assassinatos diversos eram excluídos das matérias dos correspondentes e ainda edições eram apreendidas e jornalistas eram presos.”

- Também, na Guerra das Malvinas, onde fitas e filmes foram confiscados, a imprensa proibida de filmar a rendição Argentina, correspondentes que só podiam escrever o que lhes era ditado e coisas do tipo."


- Sem se esquecer a Guerra do Golfo, em 1991. Conflito cinematográfico; do monopólio (norte-americano) da informação. Guerra em que as dúvidas acerca dos fatos e imagens apresentados anulavam a comoção popular. Nela, a agência britânica de notícia, Reuters, não pôde anunciar o número de combatentes, navios, aviões e armamentos, graças à censura.

Imprensa x Guerra e Censura

"A imprensa, como "co-participante" da guerra, torna-se senhora e escrava, ao mesmo tempo, da mesma. Senhora porque é ela quem divulga o terror à grande massa; escrava porque, inevitavelmente, sofre censura disfarçada sob a nomenclatura de um jornalismo responsável."
            Trecho do texto de Ágatha Lemos para o Debate Canal da Imprensa.


Ao pensar em qual era a face da imprensa que participou das guerras do século XX, temos a imagem de uma imprensa pura e com um jornalismo responsável no processo de formação de opinião.

Porém, nos esquecemos que naquela época os jornalistas, os correspondentes dependiam de fontes militares para cobrir os principais fatos e acontecimentos das sangrentas batalhas.
Quando entramos na Primeira Guerra Mundial, podemos observar que disseminação dos fatos se dava por do telégrafo, algo que funcionou como um processo mais acelerado. Neste período os jornalistas que puderam ser correspondentes, exerciam sua função com restrições. Como exemplo, os jornalistas norte americanos, que era exigido um juramento, feito na presença do secretário da Guerra, para que transmitissem a verdade e suprimissem qualquer fato que pudesse ajudar o inimigo.

No caso dos jornalistas alemães eles deveriam esconder da população o sofrimento, iludindo-a quanto às intervenções americanas.


E para os jornalistas da Primeira Guerra ficou apenas uma conclusão:
"a verdade é, tradicionalmente, a primeira vítima da guerra".




O Fotógrafo das trincheiras.

Reconhecido como o maior fotógrafo de guerra do mundo, Robert Capa, teve importante papel na divulgação dos conflitos internacionais de maior repercussão. Pois, acreditava que a câmera fotográfica e o seu modo de olhar, poderiam inspirar a sociedade internacional a favor do pacifismo e da obtenção de justiça.

Nascido na cidade de Budapeste - Hungria – o judeu Endre Erno Friedmann adotou nome de Robert Capa enquanto esteve exilado na França, por causa de suas atividades estudantis de esquerda contra o ditador húngaro Miklós Horthy.

Na década de 30, durante o curso de jornalismo na Universidade de Deutsche Hochschule für Politik, em Berlim, Robert Capa pode viajar e se aventurar pelo mundo. Na França, o jovem fotográfo de 19 anos captou imagens dos movimentos, comunistas, socialistas e liberais.

Já na Espanha, em meio a Guerra Civil Espanhola, Capa se consagrou com as imagens que registrou com sua grande frieza e a sua técnica brilhante.

O que diferenciou Capa, de outros fotógrafos, foi o seu olha que sempre atento registrou momentos inacreditáveis.

“Morte de um Soldado Republicano”. CAPA, Robert, 1939 - Esta, a mais célebre foto de Capa, retrata o momento exato que um soldado recebe um tiro.Encontro Nacional de Estudos da Imagem.

Capa morreu ao pisar sobre uma mina terrestre, durante a Guerra da Indochina, em maio de 1954. Seu corpo foi encontrado com as pernas dilaceradas. Mas, a câmera permanecia entre suas mãos.

Hoje, Robert Capa é considerado como um dos mais célebres fotógrafos de guerra, Capa cobriu os mais importantes conflitos da primeira metade do século XX: a Guerra Civil Espanhola, a Segunda Guerra Sino-Japonesa e a Segunda Guerra Mundial.